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Um mensageiro ou um solucionista

No mundo corporativo muitas vezes nos vemos obrigados a ser “mensageiros” de alguma notícia, seja boa ou ruim. Se algo deu errado ou deu certo, transmitir informações é fundamental, e requer certos níveis de empatia e sensibilidade para não gerar situações desnecessárias e antipáticas. Também é muito mais interessante que além de ser um mensageiro, tenha-se uma visão solucionista da coisa, isto é, não apenas transmitir uma informação X ou Y, mas considerar as soluções que se implicam.

Sabemos que para nos relacionarmos com pessoas é preciso desenvolver habilidades de empatia, assertividade e comunicação para medir o peso das informações de modo correto. Uma notícia ruim pode ter o peso triplicado a depender da forma em que é passada e gerar comoção desnecessária, assim como uma notícia boa pode ter seu significado equivocado se for muito romantizada, gerando imprudência. Nesses casos nem tudo precisa ser – por incrível que pareça – objetivo demais, e nem subjetivo demais, é aí que entra o equilíbrio na manipulação das habilidades citadas.

Por exemplo, imagine que você tenha que “ser um mensageiro” e contar para o seu chefe que perdeu metade dos produtos em um acidente no estoque e isso vai atrasar todos os pedidos. Para dar essa notícia, é preciso saber como relatar o fato, com cuidado para não deixar a mensagem transparecer sutil demais e ele pense que não é tão grave, geralmente acontece quando se esconde detalhes da narrativa. Também vale equilibrar para que não passe a impressão de catástrofe completa, não vá sair puxando o chefe pelo braço e arrancando os cabelos, tenha calma, seja claro e utilize a expressão correta, na proporção que as coisas requerem. E uma dica muito importante: É muito mais interessante apresentar um problema, e uma solução, ou seja, “ser solucionista”

Veja bem, se você tem que transmitir uma notícia ruim é natural que de imediato pense em uma solução, ainda mais se for diretamente ligado a sua área de atuação, ninguém saberá melhor como resolver do que algo que você faz e atua diretamente com a mão na massa, então trago o questionamento: por que não propor uma solução? Começar um diálogo… Por que se limitar a ser um mensageiro quando se pode ser um agente da solução? O método participativo entre quem age diretamente e quem gerencia de um modo amplo é muito mais vantajoso para ambos os lados, gera autoconfiança, estabilidade, e mais ainda, a melhor solução.

Por outro lado, dar boas notícias não parece ser algo tão complexo, afinal, conseguimos repor o estoque e os pedidos voltaram a ser entregues! Estamos todos contentes e satisfeitos, não estamos? – Não tão rápido, pense um pouco: uma boa notícia vem após uma boa solução, e sabemos que uma boa solução é elaborada por um conjunto, os agentes da operação; um conjunto de pensamentos de quem bota a mão na massa e quem gerencia. Mas tenha certo cuidado, escolha o momento certo para dar a notícia sem exagerar na proporção, para não dar a noção de estar anos-luz a frente do que era antes do problema, é preciso ser honesto, e NUNCA cantar vitória antes da hora, isso gera um relaxamento por expectativa gigantesco e então você terá outro problema.

Além disso, vale ressaltar que ter uma visão de solucionista mesmo para notícias boas acrescenta no sentido de inovação, propor algo acima do esperado, algo como um sistema de entrega rápido para aperfeiçoar o processo de entrega dos pedidos que ficaram atrasados devido ao problema no estoque, quem sabe. Ser sensível, compreender e ter habilidade para propor esse tipo de coisa faz toda a diferença.

Todavia, sabemos que nem todas as pessoas são assim, na verdade eu poderia dizer que é até raro encontrar pessoas com visão solucionista que buscam mais do que transmitir mensagens. Sabemos que quem põe a mão na massa tem muito mais sensibilidade para saber se uma solução é efetiva ou não, o problema é que na maioria das vezes em que se arriscam a fazer uma sugestão, ultrapassando seus medos, são podados e represados por quem gerencia, diminuindo a probabilidade de utilizar sua experiência para criar uma inovação.

E este é um efeito que está em todas as instâncias da vida, desde o colegial, passando pela estrutura familiar até o ambiente de trabalho, isso impede a inovação, impede que o estoque seja arrumado rapidamente, que o seu cliente receba o produto em dia e que o seu time se limite somente a prática de dar notícias boas e ruins, sem propor uma solução.